segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Amigos

Por eles morremos,

Por eles matamos,

Em sua ausência empobrecemos,

E em sua presença engordamos

[as nossas fantasias]


Com eles vivemos os melhores momentos,

Esses em que reina o reino dos pensamentos,

Dos disparates e parvoíces, bacoradas e trafulhices,

Alegrias e tristezas, combinações e surpresas,

Conspirações e revoltas, piadas, palavras soltas,

Pequenos passeios e largas caminhadas, choros e gargalhadas;

Indispensáveis como ninguém,

São o melhor que o mundo tem!


Não há quem os substitua!

Os verdadeiros amigos, os Amigos,

Quando estamos em baixo tiram-nos da Rua

Das Amarguras, abanando-nos com a força que é sua,

Enfrentando por nós todos os perigos,

Tal como faríamos com eles.


Não há chuva nem vento,

Tempestade, desalento,

Nem nada que nos pare, “Mes Amis”;

Atrás de nós fica o rasto de obstáculos,

Monstros, monstrengos, anacondas, Adamastores,

Moinhos, peripécias, horrores e tentáculos que ultrapassámos juntos;

A meu lado, vocês, pessoas magníficas,

As razões vivas de tudo de bom que eu vivi.


20-12-2010 Ricardo Alves




Feiticeira

Embala-me, feiticeira,

No teu tão belo regaço.

Faz-me teu príncipe,

Farei de ti minha Rainha.

Juntos, conquistaremos montanhas,

Na doce ilusão eucariota da vida.

Imaginação é o segredo, princesa.

Pudesses tu fechar os olhos para que te pudesse levar

Para a neblina levantada do Amor

Sem barreiras.

Mas não deixas, não queres…

Porque não te livras dessa reverência

Que tens pelo futuro?

Explora comigo a dolorosa mas doce demência

De te amar sem fronteiras.

Navega comigo no mar da ternura

A dois.

Ponhamos ambos o pé no acelerador,

Se o destino é a felicidade!


Vem comigo, vem tentar.

Tudo o que tens de fazer é aceitar

Todo o Amor que estou disposto a dar!


Mas sabemos ambos que

Nunca acontecerá tal.

Mesmo que escreva no céu o “Amo-te”

Que sinto sem igual…


04/01/2011 Ricardo Alves



Quantas vezes disse que não te queria, Amor?

Quantas vezes disse que não te queria, Amor?

Tu, que és um sentimento mau e traidor,

Tu, que nem tu sabes o que fazes,

Tu, que me levantas só para me fazer cair,

Tu, que me empurras ao chão para que te possas rir,

Tu, cuja maior habilidade é trair,

Tu, que gostas de quebrar corações,

Tu, que adoras sobrepor-te às razões,

Tu, simplesmente tu, ambíguo, vago e desonesto


Que em mim criaste um coração funesto,

Que fizeste de mim o que eu mais detesto,

Que fizeste em cacos os meus cacos e deitaste fora o resto,

Que por si só já eram restos,

Que por si só já eram funestos,

Que por si só eram partes de mim!


Quantas vezes disse que não te queria,

Para no fim querer-te ainda mais?


Tu, só tu, Puro Amor que sinto,

Que és todo-poderoso,

Explica-me porque quando te chamo Duro minto,

Mas caio a teus pés, rancoroso.


Tu, só tu, Amor que tanto recuso

Explica-me porque quanto mais te nego

Mais me róis e eu mais acuso

Os sinais de te querer tanto.


Tu tinhas o poder de me matar

Para depois me trazer de volta.

No entanto, pareces agora não ter força

Para nenhum dos dois e deixas-me no meio da tua revolta.


Se eu te disser que não te quero, minto!

Se te disser que só preciso de ti, não falo a verdade!


Ó Amor, porque te tornaste cruel?


01:10 31/12/10 Ricardo Alves



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quanto mais te esqueço

Quanto mais te esqueço,

Mais de ti me lembro

E lembrando-te, menos me pertenço,

Tornando-me inevitavelmente um membro


Da seita da minha solidão

Recheada de pedaços de memórias.

Memórias de ti, de nós uma imaginação,

Uma vida de beijos entre nós, histórias


Que não vingam por ironia do destino,

Sabe deus qual a razão.

Mas desejo-te desde pequenino,

Pois só contigo cresceu meu coração.


Sou de ti um selvagem peregrino

Com boas intenções para o futuro.

Deixa-me colorir o nosso Amor albino,

Deixa-me quebrar o muro


Que teimas em levantar.

Soubesses tu o que vai em mim,

As vontades que tenho de desmoronar

Esse teu muro de Berlim.


Quanto mais te esqueço, Amor,

Mais ardentemente te quero!

Quero sentir o doce sabor

Do lábio que mostras fero!

09/01/2011 Ricardo Alves



Não sou explorador

Não sou explorador nem navegador,

Nem tão pouco sou arqueólogo.

Sou apenas um transeunte humano,

Uma criatura que escava com as mãos

O seu imprevisível destino.

Quantas vezes digo a mim mesmo

Que tudo não passa de consequência do que fazemos no passado.

Já lá vão os tempos de tanta certeza.

Agora sei lá eu o que é o destino:

Se a casualidade dos erros que cometemos,

Se uma partida das entidades superiores,

Se algo que foi o universo a decidir na sua maturidade,

Se uma mera selvajaria incerta.

Quantas vezes me procuro só para não me encontrar.

Sou egoísta ao ponto de sempre achar que estou sozinho.

Mas sei que não estou. Sei que tenho amigos!

Estou ébrio de sofrimento e não me consigo curar.

Procurei-te, achei-te, dei-me a ti, fui ao teu encontro

E não te consegui trazer nem como espólio.

Já não sei até que ponto preciso de crescer mais.

Estou cansado de ser pequeno, de ser adulto, de Ser…

“Penso, logo existo”. Quero deixar de pensar, deixar de existir.

Mas simultaneamente, não quero partir, porque sei que tenho quem

Me apoie incondicionalmente. Estou perdido em mim e preciso de caminho.

Já não sei o que fazer.

Vou gritando silenciosamente, saltando sobre as ervas do chão,

Perdendo horas e horas, perdendo até a confiança no meu coração…

Ricardo Alves



Rio Tejo

Rio de prata, solitário,

Que em verdes movimentos

Te agitas sem horário

Alheio aos pensamentos


Do relógio. Chora um azul vivo;

Lágrimas de água correm sem destino.

O choro dos teus olhos é tão apelativo…

Dá de beber à dor de um menino


Que te olha, a metros de altura.

Ele vê-te de um longe perto

Com dois olhos que te querem ternura

E se perdem no teu deserto


De água e peixes, de maresia.

Dá-me o teu azul, meu Rio, meu.

Deixa-me ser parte da tua filosofia;
Dá-me o teu limite, o céu!


Leva o meu sofrimento que sobeja

De cada vez que te vejo

E queira deus que eu seja

Um teu menino, meu doce Rio Tejo!

08/01/2011 Ricardo Alves



Desculpem a demora

Desculpem-me a demora na realização das primeiras postagens, mas estava a ser consideravelmente difícil escolher poemas como os quais iniciar este blog, sem que os mesmo vos causassem qualquer tipo de susto :)

Em todo o caso, seguem-se as primeiras três selecções. Espero que gostem.

Ricardo Alves

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Bem vindos e um grande bem-haja a todos

Boa noite, meus estimados leitores.
Hoje inicio convosco uma outra etapa da minha vida e, se assim o pretendermos dizer, da minha "carreira" enquanto escritor amador.
Este é o início de um recanto no qual vos trago pedaços de mim. Trago-vos poemas. Tentarei ser assíduo e colocar sempre escritos de minha autoria. Mas, se tal não acontecer, terão sempre prendinhas, tesouros escondidos, ditos maravilhosos, de grandes mestres da literatura e, acima de tudo, da vida.
E para não vos demorar mais, agradeço-vos a vossa presença e a vossa atenção, para além do vosso carinho enquanto público. Espero conseguir superar as vossas expectativas e conto com muitos "comentariozinhos". :)

Mais uma vez, um muito obrigado e um grande bem-haja a todos vós. Bem vindos ao nosso canto da poesia.

Ricardo Alves

P:S: Para quem gostar de crónicas, deixo-vos também o link de outro recanto meu. Espero que gostem.
http://cronicasdoricardo.blogs.sapo.pt